O Emprego de Harpagophytum procumbens na Prática Clínica


O Emprego de Harpagophytum procumbens na Prática Clínica


Introdução

O Harpagophytum procumbens, popularmente conhecido como garra-do-diabo ou harpagófito, destaca-se como uma opção fitoterápica com notável aplicação no tratamento de condições musculoesqueléticas que cursam com inflamação e dor.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

O Harpagophytum procumbens é uma planta cujo tubérculo secundário é a parte utilizada para fins medicinais (1). Seus efeitos terapêuticos são atribuídos a uma complexa interação de diversos compostos bioativos. Dentre eles, os glicosídeos iridoides, como o harpagosídeo, harpagídeo, procumbina e procumbosídeo, são considerados os principais responsáveis por sua atividade farmacológica. Além desses, a planta contém glicosídeos fenólicos (verbascosídeo, acetosídeo, isoacetosídeo e biosídeo), flavonoides (caempferol e luteolina), fitoesteróis (beta-sitosterol e estigmasterol), triterpenoides pentacíclicos, aminoácidos e harpagoquinona (1).


Indicações Clínicas e Mecanismos de Ação

A principal indicação clínica do Harpagophytum procumbens é no manejo de condições como artrite, artrose e tendinite. Evidências demonstram sua eficácia no tratamento da osteoartrite de joelho e quadril, mediada por sua ação anti-inflamatória (1).

O mecanismo de ação anti-inflamatória do H. procumbens é multifacetado. Um dos principais mecanismos envolve a inibição do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) induzido por lipopolissacarídeos (LPS) em monócitos (1). Além disso, outros estudos sugerem que o efeito anti-inflamatório pode ser mediado pela inibição da lipoxigenase, uma enzima crucial na biossíntese de mediadores inflamatórios (1). A utilização da garra-do-diabo tem demonstrado alívio dos sintomas associados a dores articulares, incluindo joelho e coluna, e também dores inespecíficas (1). Adicionalmente, um estudo in vitro indicou um efeito protetor da cartilagem, atribuído à inibição de metaloproteinases (1).


Posologia e Formulações

A posologia do Harpagophytum procumbens pode variar conforme a forma de apresentação:

  • Infusão: Recomenda-se 4-8g do pó em 500mL de água (1).
  • Tintura (1:10): A dosagem usual varia de 50 a 100 gotas, administradas de 2 a 4 vezes ao dia (1).
  • Pó: A dose diária recomendada é de 1-3g (1).
  • Extrato seco padronizado a 1,6% de harpagosídeo: A dose diária usual é de 1-2,5g, o que corresponde a 30-100 mg de harpagosídeo por dia.

Embora não haja um consenso absoluto, alguns especialistas preconizam o uso de formulações orais gastrorresistentes para otimizar a absorção e reduzir potenciais irritações gástricas (1).


Contraindicações, Precauções e Perfil de Toxicidade

O uso de Harpagophytum procumbens é contraindicado em pacientes com úlceras gástricas ou duodenais, bem como em gestantes e lactantes (1).

Deve-se ter cautela ao prescrever a garra-do-diabo para indivíduos com condições preexistentes, como cardiopatias, hipertensão, diabetes e litíase biliar (1).

Os efeitos adversos mais frequentemente relatados incluem indisposição gástrica e diarreia (1). No entanto, a planta é geralmente considerada de baixa toxicidade (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de Azevedo; LÉDA, P. H. de Oliveira; SÁ, I. Manzali; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

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