Hipertrofia Renal: Mecanismos Adaptativos e Patológicos


Hipertrofia Renal: Mecanismos Adaptativos e Patológicos


Introdução

A hipertrofia renal é um fenômeno complexo que pode representar tanto um mecanismo seguro de adaptação fisiológica quanto uma resposta maladaptativa associada a patologias. Compreender os distintos tipos e os fatores subjacentes a esse processo é fundamental para a avaliação da função renal e o prognóstico clínico.


Hipertrofia Renal Fisiológica

A hipertrofia renal pode ser um método seguro para o rim aumentar suas taxas de filtração sanguínea e de excreção de urina (2). Alguns estudos têm demonstrado uma correlação positiva entre o volume renal e a taxa de filtração glomerular (2).

Hipertrofia Renal Compensatória

A hipertrofia renal compensatória (HRC) é um fenômeno de crescimento renal observado após a nefrectomia unilateral ou parcial (1,3). Esse processo visa promover uma restauração significativa da função renal (1,3). A HRC pode ser caracterizada pelo aumento nas razões de proteína/célula, proteína/DNA ou RNA/DNA (1). Por outro lado, a hiperplasia refere-se ao aumento no número de células envolvidas na síntese de DNA (1).

A hipertrofia compensatória geralmente se inicia nas primeiras horas após a remoção do tecido renal e pode alcançar até 80% do funcionamento normal de dois rins (1). Esse processo é frequentemente duradouro e está correlacionado com uma boa saúde renal a longo prazo (2). Ultrassonografias têm revelado um aumento de 22% a 39% do volume renal em três quartos dos pacientes submetidos à cirurgia (1). A HRC também está associada a um aumento na taxa de filtração glomerular (1,3).

Observa-se que, em indivíduos jovens (entre 20-35 anos), o aumento do volume renal é mais expressivo, atingindo aproximadamente 35%, enquanto em pacientes mais velhos (51-69 anos), esse aumento é menor, cerca de 26% (1).

Duas teorias principais são estudadas para explicar a HRC:

  1. A primeira sugere que o aumento da filtração glomerular por si só desencadeia a hipertrofia (2).
  2. A segunda postula que há uma liberação de fatores específicos em resposta à ausência do rim, que induzem a hipertrofia renal contralateral (2).

Alguns autores acreditam que a hipertrofia renal após uma nefrectomia é um resultado direto da capacidade dos néfrons remanescentes de responder a uma hiperfiltração (3). É sugerido que pacientes que apresentem uma hipertrofia compensatória limitada devem ser acompanhados mais de perto após a cirurgia (3).


Hipertrofia Renal Patológica

Em contraste com a forma compensatória, a hipertrofia renal também pode ser patológica (1). Nesses casos, representa uma resposta maladaptativa a insultos, que levam ao dano progressivo do néfron, fibrose intersticial e, por fim, ao estágio final da doença renal (1).

Um exemplo notável é a nefropatia diabética, onde a hipertrofia glomerular e dos podócitos parece ser dominante nas fases iniciais, sendo subsequentemente seguida por atrofia e fibrose (1).


Referências Bibliográficas

  1. ROJAS‐CANALES, D. M.; LI, J. Y.; MAKUEI, L.; GLEADLE, J. M. Compensatory renal hypertrophy following nephrectomy: When and how? Nephrology, v. 24, n. 12, p. 1225–1232, 2019.
  2. WANG, M. K. et al. The Incidence and Durability of Compensatory Hypertrophy in Pediatric Patients with Solitary Kidneys. Urology, v. 129, p. 188-193, 2019.
  3. CHEN, K. W. et al. Compensatory Hypertrophy after Living Donor Nephrectomy. Transplantation Proceedings, v. 48, n. 3, p. 716–719, 2016.

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