Teorias e Instrumentos de Avaliação da Inteligência


Teorias e Instrumentos de Avaliação da Inteligência


Introdução

A inteligência, em sua complexidade, tem sido objeto de diversas teorias que buscam compreendê-la, não como um fator único, mas como um conjunto de habilidades multifacetadas. Paralelamente, uma vasta gama de instrumentos foi desenvolvida para mensurar essas capacidades, desde testes clássicos até baterias mais recentes e abrangentes.


Teorias da Inteligência

Teoria da Inteligência de Guilford

Uma teoria fundamental no campo da inteligência afirma que a inteligência é um conjunto de habilidades, e não um fator único. Esse modelo é bastante complexo, pois contém 120 fatores. No entanto, essas dimensões são frutos do que é descrito em apenas três facetas. Essas facetas envolvem informações do conteúdo, que se refere à entrada das informações; dos processos ou operações, que são elementos cognitivos; e do produto, que são o resultado comportamental das operações mentais realizadas.

Mesmo sendo um modelo da década de 1950, a teoria descreve o processamento humano de maneira semelhante ao processamento de um computador, que possui uma entrada (input), um processamento e uma saída (output).

Conteúdo

  • Figural: Informação visual que capturamos, as imagens.
  • Simbólico: Também visual, mas, neste caso, são elementos usados como sinais de uma linguagem para representar um conceito ou ideia e que não fazem sentido por si só.
  • Semântica: Conteúdos mentais ligados ao significado dos símbolos.
  • Comportamental: Todos esses dados provenientes da conexão com o ambiente ou com outras pessoas. Inclui gestos, desejos, intenções ou atitudes.

Processos

  • Cognição: Consciência ou entendimento da informação. Baseia-se na capacidade de extrair o significado das informações coletadas.
  • Memória: Baseia-se na retenção de informações para operar em algum momento com ela.
  • Produção convergente: Criação de alternativas possíveis com base nas informações obtidas anteriormente. Envolve a aglutinação de informações anteriores para selecionar a resposta apropriada.
  • Produção divergente: É um ato de criação de alternativas diferentes daquelas que são habituais e contidas no relatório, que se baseia na geração de uma nova resposta a partir dos dados obtidos.
  • Avaliação: Fazer comparações entre os diferentes conteúdos que permitem estabelecer relacionamentos.

Produtos

  • Unidades: Respostas simples e básicas. Uma palavra, ideia ou ação elementar.
  • Classes: Conceituações ou organizações de unidades similares em algum sentido.
  • Relacionamentos: A ideia de uma conexão entre as diferentes informações tratadas. Por exemplo, um raio está ligado ao trovão.
  • Sistemas: Organizações de informações diversas que integram entre si.
  • Transformações: Qualquer modificação realizada em relação às informações coletadas.
  • Implicações: Estabelecimento de conexões entre informações sugeridas por um elemento específico sem que essa conexão apareça especificamente como informação. Relações de causalidade ou covariação são estabelecidas entre elementos.

Tal modelo pode ser resumido na figura a seguir (omissão da figura, conforme instrução de não adicionar informações externas).

As três dimensões (conteúdo, processos e produtos) são representadas nos eixos de um paralelepípedo. Cada pequeno cubo dentro desse paralelepípedo representa uma combinação de conteúdo, processo e produto, compondo uma das 120 dimensões da inteligência.

Teoria da Inteligência de Spearman

Charles Spearman, reconhecido como o idealizador da análise fatorial, desencadeou nos anos de 1920 a 1930 todo um trabalho de fundamentação teórica e empírica da perspectiva psicométrica, também conhecida como teoria do fator geral, teoria dos dois fatores ou bifatorial. Segundo esta teoria, a inteligência pode ser compreendida tanto em função de um único fator geral (g), que está subjacente ao desempenho em todos os testes de habilidades mentais, como em função de um conjunto de fatores específicos (s), cada um dos quais estaria envolvido no desempenho em apenas um único tipo de teste de habilidade mental (por exemplo: raciocínio numérico).

Segundo Spearman, toda atividade intelectual é composta por dois fatores: um fator geral (g), comum a toda atividade mental, e um fator específico (s), característico desta atividade individualizada. Os fatores específicos são de interesse apenas casual devido às suas limitações e pouca aplicabilidade, mas o fator geral constitui-se num componente genuíno para se entender a inteligência.

Aplicados dois ou mais testes cognitivos, os resultados dos sujeitos em cada teste estariam determinados por dois tipos de fatores:

  • Fator (s): É a própria especificidade do teste.
  • Fator (g): É o grau pelo qual o teste mede (g).

Portanto, qualquer teste mede (g), mesmo que em graus diferentes. Assim, reconhece-se o caráter absoluto e permanente do fator (g), em contraste com a relatividade dos fatores específicos. Spearman acreditava que o (g) fosse devido à energia mental de natureza simultaneamente fisiológica e psicológica, ou algumas vezes denominada por ele de energia nervosa, ou cortical.

Teoria da Inteligência de Sternberg

A teoria de inteligência de Sternberg trouxe uma grande inovação para o campo por se tratar de uma teoria que não pode ser avaliada por testes psicológicos. Sua teoria é chamada de teoria triárquica ou triádica da inteligência.

  • Inteligência analítica: Essa forma de inteligência concentra-se na proficiência acadêmica. O talento analítico é influente em ser capaz de separar problemas e ver soluções nem sempre vistas. Infelizmente, os indivíduos dotados apenas com esse tipo não são tão hábeis em criar suas próprias ideias. Essa forma de superdotação é o tipo que é testado com mais frequência.
  • Inteligência criativa: Ela concentra-se na capacidade de ser intelectualmente flexível e inovador. Trata principalmente de quão bem uma tarefa é executada em relação a quão familiar ela é. Pessoas com elevada inteligência criativa são capazes de resolver problemas diante de uma situação nova, ou jamais experienciada anteriormente.
  • Inteligência prática: Trata-se da atividade mental envolvida na obtenção de adequação ao contexto. A partir da inteligência prática, os indivíduos criam um ajuste ideal entre eles e seu ambiente. Esse tipo de inteligência também pode ser chamado de “malandragem”. Ela pode ser facilmente observada em indivíduos que se saem bem nas suas atividades cotidianas, mas não nas acadêmicas.

Nota: Um indivíduo não se restringe a ter excelência em apenas uma dessas três inteligências. Muitas pessoas podem possuir uma boa integração entre si.

Esta teoria, no entanto, tem críticas. A principal delas está na pouca demonstração empírica, ou na inviabilidade de se fazer essa demonstração. Outra crítica é a de que a inteligência prática é mais uma forma de comportamento do que uma nova inteligência.

Teoria da Inteligência de Gardner

Conhecida como a teoria das inteligências múltiplas, ela se baseia nos achados da neuroanatomia relativos à localização cerebral das funções psíquicas. Como cada parte do cérebro desempenha uma função diferente, Gardner propôs que pessoas que tivessem desenvolvido aquela parte do cérebro teriam uma inteligência relacionada a esta parte.

  • Inteligência linguística: Refere-se à capacidade de comunicação, seja ela oral, escrita ou gestual. Quem domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma inteligência linguística superior. Ela está localizada basicamente nas áreas de Broca e de Wernicke no cérebro.
  • Inteligência lógico-matemática: Ligada à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. O famoso teste de quociente de inteligência (QI) é baseado nesse tipo de inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. Já com relação à localização, pode ser atribuída à parte pré-frontal do cérebro.
  • Inteligência espacial: A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada à inteligência espacial. Ela se encontra no lobo parietal.
  • Inteligência musical: Indivíduos com maior inteligência musical são aqueles capazes de tocar instrumentos, discriminar sons, ler e compor peças musicais com facilidade. Algumas áreas do cérebro, como o lobo temporal, vinculado à audição, executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música.
  • Inteligência corporal e cinestésica: Essa inteligência envolve as capacidades motoras e corporais. A capacidade de usar ferramentas é considerada uma manifestação da inteligência cinestésica corporal, que é extremamente importante para o desenvolvimento da humanidade. O correlato neurológico desta inteligência está no giro pré-central do cérebro (córtex motor).
  • Inteligência intrapessoal: É a capacidade de compreender e controlar as próprias emoções interiores. As pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar seus sentimentos e refletir sobre eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de uma pessoa ser do jeito que é. Ela é fundamental no ambiente de psicoterapia, tanto para o psicólogo quanto para o paciente.
  • Inteligência interpessoal: É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada discurso. Ela aprimora a nossa capacidade de empatia. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes grupos.
  • Inteligência naturalística: É a capacidade de detectar, diferenciar e categorizar as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao clima, geografia ou fenômenos naturais.

Nota: Existem diversas críticas à teoria das inteligências múltiplas de Gardner, como o fato de ampliar demais o conceito de inteligência. Mesmo que todas as habilidades sejam importantes, nem todas são necessariamente inteligências.

Teoria da Inteligência de Goleman

Paralelamente à teoria das inteligências múltiplas, a inteligência emocional vem ganhando especial destaque e difusão internacional. Embora o conceito tenha obtido destaque popular na obra de Goleman, alguns estudiosos afirmam que o conceito de inteligência emocional é, na verdade, similar à inteligência social (inteligências inter e intrapessoal) introduzida por Gardner.

Os conceitos trazidos por Goleman descrevem a inteligência emocional como algo no domínio da personalidade ou de formas de comportamento. A discussão sobre a inteligência emocional ser uma inteligência ou algum domínio da personalidade e/ou forma de comportamento é muito importante para a área. Para ser considerada uma inteligência, ela deve atender a três critérios rigorosos:

  • Conceitual: A inteligência emocional deve refletir um desempenho mental e não de formas de comportamento.
  • Correlacional: A inteligência emocional deve apresentar maior correlação com testes de inteligência tradicionais do que com testes de personalidade.
  • Desenvolvimental: Ela deve aumentar ao longo do tempo, sendo que crianças mais velhas devem ter uma média maior de inteligência emocional.

Nota: Uma avaliação da inteligência emocional deve priorizar questões com “certo e errado” ao invés de escalas de autorrelato.


Instrumentos de Avaliação da Inteligência

Diferentemente de testes de personalidade e de outras facetas psicológicas, testes de inteligência são compostos por itens cuja resposta pode ser certa (geralmente codificada com 1) ou errada (geralmente codificada com 0). No entanto, eles podem ser construídos de maneiras diferentes.

Stanford-Binet

A escala Stanford-Binet é um dos testes mais antigos ainda em uso na psicologia. A versão atual (chamada de SB5 ou SB:V) possui diversas diferenças em relação à primeira. A principal delas foi a tentativa de adequar a escala ao modelo CHC (Cattell-Horn-Carroll). A abrangência de idade também é uma das grandes potencialidades da SB5. Ela possui normas para avaliar sujeitos entre 2 e 85 anos. A amostra do estudo de levantamento de evidências de validade foi composta por 4800 sujeitos norte-americanos.

A versão atual da escala utiliza a fórmula moderna do QI (na qual a média é 100, e cada desvio padrão soma ou subtrai 15 pontos). Ela ainda possui uma versão verbal e uma não verbal, ambas com os mesmos fatores (raciocínio fluido, conhecimento, raciocínio quantitativo, raciocínio visuoespacial, e memória de trabalho). A escala foi feita para ser utilizada no contexto da testagem adaptativa por computador. No entanto, mesmo com dados robustos de validade e precisão, não são conhecidos estudos brasileiros com a escala. De modo que ela não pode ser utilizada no Brasil, exceto para pesquisas.

Army Alpha e Army Beta

Apesar de não serem utilizados atualmente, ambos os testes foram precursores de itens e formatos de testes atuais, sendo aplicados em mais de um milhão e meio de pessoas durante a Primeira Guerra Mundial.

O Army Alpha era composto por 212 itens verdadeiro-falso e de múltipla escolha, divididos em 8 subescalas. Os objetivos mais básicos do Army Alpha eram determinar se os recrutas sabiam ler inglês e ajudar a designar novos soldados para tarefas e treinamentos que fossem consistentes com suas habilidades. Muitos recrutados não puderam responder a testes escritos, por isso o Army Beta foi desenvolvido, para avaliar as habilidades de candidatos de baixa alfabetização ou sem domínio do idioma inglês. As instruções para o teste Beta foram dadas em pantomima, ou seja, usando figuras e outro material simbólico para ajudar a orientar os exames.

Columbia

A Escala de Maturidade Mental Columbia está na terceira edição (CMMS-3), sendo um teste psicológico que visa avaliar a capacidade de raciocínio geral de crianças de três a dez anos de idade. A vantagem está na atratividade da escala, composta por cartões coloridos em tamanho grande. Assim, o Columbia não necessita de respostas escritas, orais e pouco depende da motricidade dos participantes. O desempenho no teste não está associado ao desenvolvimento da linguagem. O teste Columbia é prático, de fácil aplicação, correção e interpretação. Ele avalia a capacidade de discernir as relações entre diversos símbolos.

Matrizes Progressivas de Raven

São testes de habilidade não verbal usados para avaliar o raciocínio abstrato. O teste é progressivo, pois as perguntas ficam mais difíceis à medida que avança. A tarefa é determinar o elemento que falta em um padrão que geralmente é apresentado na forma de uma matriz, daí o nome Matrizes de Raven.

Dado que o teste não é verbal, é considerado um formato que também reduz o viés cultural. Trata-se de um teste muito popular para estimular a inteligência fluida em grupo. O teste possui diversas versões. As Matrizes Progressivas Coloridas de Raven foram projetadas para pessoas com baixa capacidade geral devido à idade (idosos, jovens) ou deficiências mentais. Para adultos, o teste será provavelmente considerado fácil demais. Já a forma avançada das Matrizes é mais adequada para adultos e adolescentes com inteligência acima da média.

Escalas Wechsler

São procedimentos padronizados administrados individualmente, usados para a avaliação da capacidade intelectual ao longo da vida. O teste é muito parecido com uma caixa de brinquedos, e sua aplicação é bastante lúdica. Dependendo das características do avaliado e do número de subtestes usados, o procedimento pode levar de 1 a 2 horas para ser administrado. A pontuação de certos componentes dos testes requer julgamento e treinamento significativo.

Existem algumas versões diferentes das escalas Wechsler para acomodar indivíduos de diferentes idades, sendo as principais:

  • Escala de Inteligência de Adultos Wechsler (WAIS) – para indivíduos de 16-90 anos.
  • Escala de Inteligência para Crianças (WISC) – para indivíduos de 6-17 anos.

As atuais edições são o WAIS-IV (no Brasil é o WAIS-III) e o WISC-IV. Além disso, existe uma versão abreviada do WAIS e do WISC, a Escala Abreviada de Inteligência Wechsler (WASI), que pode ser usada como uma avaliação mais curta da capacidade intelectual. Todas essas versões são aprovadas pelo SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos).

Cada escala Wechsler consiste em conjuntos de subtestes para avaliar diferentes aspectos da inteligência, e as pontuações do índice são calculadas a partir dos subtestes individuais. As pontuações são codificadas com uma média de 100 pontos, sendo 15 o desvio padrão, em intervalos de 40-160. Algumas faixas qualitativas (termos descritivos) são fornecidas para o índice e pontuações de QI, variando de “retardo mental moderado” (40-54) a “muito superior” (130). Os subtestes estão em uma métrica de pontuação em escala, com 10 como a média, 3 como o desvio padrão, em um intervalo de 1-19. Há um conjunto básico de subtestes em cada escala e um número variável de subtestes opcionais. As versões mais atuais da escala fazem parte de uma mudança para torná-las cada vez mais compatíveis com a teoria CHC (Cattell-Horn-Carroll).

WAIS-III

É composta por 14 subescalas: completar figuras, vocabulário, códigos, semelhanças, cubos, aritmética, raciocínio matricial, dígitos, informação, arranjo de figuras, compreensão, procurar símbolos, sequência de números e letras, armar objetos.

WAIS-IV

É composta por 15 subtestes, sendo 10 principais e 5 suplementares, e dispõe de quatro índices, a saber: índice de compreensão verbal, índice de organização perceptual, índice de memória operacional e índice de velocidade de processamento, além do QI total. Está composto por 15 subtestes, divididos entre índices fatoriais e quocientes de inteligência geral.

WISC-IV

Os subtestes do WISC-IV são: informação, semelhanças, aritmética, vocabulário, compreensão, dígitos, completar figuras, códigos, cubos, procurar símbolos, conceitos figurativos, sequências de números e letras, raciocínio matricial, raciocínio com palavras e cancelamento.

WASI

Como mencionado, é uma versão abreviada, que fornece informações sobre os QI total, de execução e verbal, a partir de quatro subtestes (vocabulário, cubos, semelhanças e raciocínio matricial). Existe ainda a opção de avaliar a inteligência com apenas dois subtestes (vocabulário e raciocínio matricial). Ele pode ser utilizado para indivíduos entre 6 e 89 anos.

Em resumo, as escalas Wechsler são instrumentos confiáveis e tradicionais para avaliação da inteligência. Seu aspecto é lúdico e seu uso recomendável, principalmente na versão infantil (WISC). Os aspectos contrários à sua utilização estão na necessidade de treinamento do aplicador, no tempo de aplicação e nos custos dessas escalas.

SON-R 2 1/2 -7

É um teste não verbal de inteligência, composto por quatro subtestes, que devem ser aplicados nesta ordem:

  • Mosaicos: Composto por 15 itens. A criança deve copiar padrões de mosaicos com quadrados vermelhos, amarelos e vermelhos/amarelos.
  • Categorias: Possui 15 itens. Nos primeiros sete, quatro ou seis cartões precisam ser postos na categoria correta. Os itens seguintes são de múltipla escolha, nos quais a criança deve escolher, dentre cinco objetos, os dois que são adequados à categoria em análise.
  • Situações: Possui 14 itens. Na primeira parte, são apresentadas metades de quatro figuras. Depois de ter recebido cartões com as metades faltantes, a criança precisa colocar a metade certa, completando corretamente o desenho. A segunda parte traz itens que consistem no desenho de uma situação em que uma ou duas peças estão faltando.
  • Padrões: Possui 16 itens. Pede-se que a criança copie uma forma, que lhe é apresentada, utilizando um lápis.

Os subtestes Categorias e Situações compõem a escala de raciocínio, enquanto os subtestes Mosaico e Padrões compõem a escala de execução. Sua faixa etária é de 2,5 a 7 anos. Existem outras versões do SON ao redor do mundo, mas o SON-R 2 1/2 -7 é o único aprovado pelo SATEPSI e disponível para utilização no Brasil.

BPR

Teste desenvolvido paralelamente em Portugal e no Brasil. A Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5) encontra-se subdividida de acordo com o nível de dificuldade dos itens nos cinco testes. Ela possui uma versão A, que se destina a alunos da 6ª, 7ª e 8ª série do ensino fundamental, e uma versão B, para alunos da 1ª, 2ª e 3ª série do ensino médio.

A BPR-5 é um instrumento para auxiliar os profissionais no psicodiagnóstico, seleção profissional, orientação profissional, avaliação escolar, entre outras áreas nas quais se faz necessária a utilização deste instrumento para verificar o funcionamento cognitivo geral. As aptidões avaliadas são:

  • Raciocínio Abstrato (RA): Avalia a capacidade de estabelecer relações abstratas em situações novas para as quais se possui pouco ou nenhum conhecimento previamente aprendido. Está associado à inteligência fluida (Gf). Nesta prova, a novidade das tarefas decorre das figuras geométricas diferentes de item para item ao longo do teste.
  • Raciocínio Verbal (RV): Avalia a extensão e a capacidade de estabelecer relações abstratas entre conceitos verbais. Assim, mesmo que o RV possua alguma associação com a inteligência fluida, é uma prova de inteligência cristalizada (Gc) por demandar a utilização de conceitos anteriormente aprendidos.
  • Raciocínio Espacial (RE): Avalia a capacidade de visualização, isto é, de formar representações mentais visuais e manipulá-las, transformando-as em novas representações. Além de estar relacionada à capacidade de processamento visual (Gv), possui componentes da inteligência fluida.
  • Raciocínio Numérico (RN): Avalia a capacidade de raciocinar indutiva e dedutivamente com símbolos numéricos em problemas quantitativos. Também avalia o conhecimento de operações aritméticas básicas. Além da inteligência fluida (Gf), este teste avalia o conhecimento quantitativo do aluno (Gq).
  • Raciocínio Mecânico (RM): Avalia conhecimentos práticos de mecânica e física, adquiridos em experiências cotidianas e práticas. Este teste também avalia a inteligência cristalizada (Gc). No entanto, o processamento visual (Gv) e a inteligência fluida (Gf) também fazem parte do RM.

Como pode ser observado, a BPR-5 avalia a inteligência em diversos aspectos. Mesmo que não o faça de maneira completa, a BPR-5 compreende a inteligência à luz do modelo CHC.

Woodcock-Johnson

A bateria Woodcock-Johnson-III (WJ-III) é considerada a que melhor atende o modelo CHC, sendo, portanto, a mais completa para explicar o funcionamento intelectual. A bateria WJ-III possui duas formas: a primeira direcionada à avaliação das habilidades cognitivas (forma padrão) e a segunda à avaliação do rendimento acadêmico. Nesse sentido, as maiores evidências da solidez da teoria CHC usaram o WJ-III como instrumento de pesquisa. Outro excelente dado são as evidências de sua validade preditiva. Respondentes com elevados escores na WJ-III tendem a ter maior rendimento em leitura e escrita e em matemática.

No entanto, embora já tenha sido estudada no Brasil, a maioria das pesquisas foi realizada quase que somente em amostras norte-americanas. O teste ainda não foi avaliado pelo SATEPSI para uso no Brasil.