Otimização Nutricional e Terapêutica na Recuperação de Lesões em Atletas


Otimização Nutricional e Terapêutica na Recuperação de Lesões em Atletas


Introdução

A recuperação de lesões em atletas de alto nível demanda uma abordagem multifacetada, com a nutrição desempenhando um papel crucial na otimização do processo de reparo tecidual e na minimização da perda de massa muscular. Este documento explora as recomendações nutricionais e terapêuticas baseadas em evidências para auxiliar na reabilitação de atletas lesionados, visando a retomada precoce e segura à atividade física.


Recomendações Nutricionais Essenciais

Durante o período de recuperação de lesões, as necessidades nutricionais dos atletas assemelham-se àquelas observadas em indivíduos que buscam a hipertrofia muscular (1).

Balanço Energético e Proteico

  • Ingestão Calórica: É fundamental manter um aporte calórico adequado para sustentar os processos de reparo tecidual e prevenir a catabolismo muscular.
  • Ingestão Proteica: Recomenda-se uma ingestão de proteína variando de 1,6 a 2,5 g/kg de peso corporal, distribuída em doses de 25 a 35 g a cada 3-4 horas. É crucial que essas porções contenham um alto teor de leucina, na faixa de 2,5 a 3 g, um aminoácido essencial para a síntese proteica muscular.

Suplementação Estratégica

A suplementação com nutrientes específicos pode otimizar a regeneração musculoesquelética e mitigar os efeitos adversos da imobilização.

  • Vitamina D: A suplementação de Vitamina D em doses de 1000-4000 UI/dia tem demonstrado capacidade de aprimorar a regeneração musculoesquelética, direcionando suas funções essenciais para células imunes e musculares. Quando combinada com ingestão proteica e energética adequada, e aliada ao treinamento de força, a vitamina D promove a recuperação da lesão e melhora a capacidade de exercício (1).
  • Ômega-3 (Ácidos Graxos Poli-insaturados n-3): A ingestão de 1-2 g/dia de Ômega-3 pode melhorar a regeneração musculoesquelética ao direcionar-se às funções essenciais das células imunes, células musculares ou ambas (1). Além disso, há evidências que sugerem que a co-suplementação de leucina e ômega-3 pode contribuir para a redução da atrofia muscular (1).
  • Creatina: A suplementação de creatina também é considerada benéfica no contexto da recuperação de lesões.

Impacto da Imobilização no Tecido Muscular

As lesões, uma ocorrência frequente no esporte de alto nível, frequentemente demandam períodos de imobilização do membro afetado (1). Este período visa reduzir danos adicionais e facilitar o reparo de estruturas como ossos, músculos esqueléticos e tecido conjuntivo (1).

A imobilização, no entanto, acarreta desuso muscular e subsequente perda de massa muscular. Esse fenômeno é atribuído a um balanço proteico muscular negativo prolongado, resultante de uma diminuição na síntese proteica muscular basal e do desenvolvimento de resistência anabólica à ingestão de proteínas da dieta (1). A perda muscular é mais acentuada durante as primeiras 1-2 semanas de imobilização (1).


Gasto Energético Durante a Recuperação

Embora o gasto energético tenda a diminuir durante a imobilização, o processo inflamatório, a cicatrização da ferida e o custo energético da deambulação (se aplicável) limitam essa redução (1). Portanto, mesmo em repouso, o corpo mantém um gasto energético considerável para os processos de reparo.


A Importância do Exercício de Força na Reabilitação

Durante o processo de reabilitação da lesão, o aumento da atividade física, particularmente através de exercícios de força, é crucial. Esse tipo de treinamento eleva a síntese proteica muscular, intensificando os estímulos anabólicos e, consequentemente, auxiliando na recuperação (1).


Referências Bibliográficas

  1. JEUKENDRUP, A. E.; GLEESON, M. Nutrição no esporte – Diretrizes nutricionais e bioquímica e fisiologia do exercício. 3. ed. São Paulo: Manole, 2021. 559 p.
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