Lesão Renal Aguda (LRA): Fisiopatologia e Manejo Nutricional


Lesão Renal Aguda (LRA): Fisiopatologia e Manejo Nutricional


Introdução

A Lesão Renal Aguda (LRA) é uma síndrome caracterizada pela súbita diminuição da taxa de filtração glomerular, resultando em um acúmulo de produtos nitrogenados e desequilíbrios hidroeletrolíticos. Compreender as diferentes categorias etiológicas e a fisiopatologia subjacente é crucial para um diagnóstico preciso e um manejo clínico e nutricional adequado.


Fisiopatologia

A Lesão Renal Aguda é geralmente classificada em três categorias etiológicas principais:

1. Pré-Renal

Caracteriza-se por uma perfusão renal inadequada (1). As causas incluem:

  • Desidratação grave
  • Colapso circulatório (choque)
  • Necrose tubular aguda isquêmica (em alguns contextos)
  • Trauma ou cirurgia
  • Sepse
  • Medicações (que afetam a hemodinâmica renal)

2. Intrínseca (ou Renal)

Resulta de doenças intrínsecas no parênquima renal (1). As principais causas são:

  • Nefrotoxicidade (induzida por fármacos ou toxinas)
  • Necrose tubular aguda isquêmica (dano direto aos túbulos renais)
  • Reação local a medicamentos (nefrite intersticial aguda)
  • Problemas vasculares (afetando os vasos renais)

3. Pós-Renal

Causada por uma obstrução do trato urinário (1). Exemplos incluem:

  • Hipertrofia prostática benigna com retenção urinária
  • Câncer retroperitoneal ou pélvico
  • Cálculos ureterais (ou biliares, se a referência for um erro de digitação e se referir a ureterais)
  • Rabdomiólise (que pode causar obstrução tubular por cilindros de mioglobina)

Relação Nitrogênio Ureico Sérico / Creatinina (NUS/Cr)

A relação NUS/Cr é um indicador útil no diagnóstico diferencial da LRA:

  • NUS/Cr > 20:1: Sugere dano pré-renal, indicando que o rim está tentando reabsorver mais ureia para conservar volume.
  • NUS/Cr < 10:1: Indica dano intrínseco, onde a capacidade de reabsorção tubular está comprometida.

Conduta Clínica: Manejo Nutricional

O manejo nutricional na LRA é complexo e deve ser individualizado, ajustando-se à fase da doença e ao estado metabólico do paciente.

Aporte Proteico

A recomendação de proteínas varia conforme a necessidade de diálise:

  • Não dialíticos: 0,5-0,8 g/kg de peso corporal (proteína)
  • Dialisados: 1,0-2,0 g/kg de peso corporal (proteína)
  • Pacientes em terapia renal contínua: 1,5-2,5 g/kg de peso corporal (proteína)

Aporte Energético

A oferta calórica deve ser de 30-40 kcal/kg de peso seco.

Eletrólitos e Líquidos

O manejo de eletrólitos e líquidos é crucial, com atenção especial às fases oligúrica e diurética:

  • Potássio:
    • Fase oligúrica: Restringir a 30-50 mEq.
    • Fases diuréticas: Repor conforme necessário para evitar hipocalemia.
  • Sódio:
    • Fase oligúrica: Restringir a 30-40 mEq.
    • Fases diuréticas: Repor conforme necessário para evitar hiponatremia ou desidratação.
  • Líquidos: Repor o volume do débito urinário anterior + 500mL (para perdas insensíveis).

Fósforo

A reposição de fósforo deve ser realizada conforme a necessidade, monitorando os níveis séricos e ajustando a oferta para evitar hipofosfatemia.


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