Conduta Clínica com Lippia alba (Erva-Cidreira Brasileira)


Conduta Clínica com Lippia alba (Erva-Cidreira Brasileira)


Introdução

A Lippia alba, conhecida popularmente como erva-cidreira brasileira, destaca-se na prática clínica devido às suas propriedades terapêuticas, especialmente no manejo da ansiedade e outros distúrbios. Esta seção aborda as principais indicações, compostos bioativos, posologia e atividades farmacológicas desta planta, fornecendo um guia para profissionais de saúde.


Aspectos Gerais da Lippia alba

Nomenclatura e Parte Utilizada

A Lippia alba possui diversas denominações populares, como alecrim-do-campo, salsa-brava, salsa-limão e alecrim selvagem, entre outros (1). O nome farmacêutico reconhecido é Folium Lippiae Albae. As folhas são a parte da planta tradicionalmente utilizada e estudada.

Compostos Bioativos

Os principais compostos bioativos encontrados nas folhas de Lippia alba incluem:

  • Óleos Essenciais (1)
  • Iridoides, como o geniposídeo e o tevesídeo (1)
  • Fenilpropanoides, como o verbascosídeo (1)
  • Flavonoides (1)

Indicações Clínicas e Atividade Farmacológica

Ansiedade e Sistema Nervoso Central

A Lippia alba é amplamente indicada para o tratamento da ansiedade. Estudos demonstram que os óleos essenciais e o extrato hidroalcoólico obtidos das folhas exibem efeitos ansiolíticos (1). Os constituintes carvona e limoneno parecem desempenhar um papel crucial na modulação da atividade do sistema nervoso central (1). Não se descarta a hipótese de que o efeito ansiolítico seja mediado por receptores benzodiazepínicos, dada a semelhança no perfil de atividade (1).

Para o manejo da ansiedade, a posologia sugerida para o uso da erva-cidreira (Lippia alba) é de 1 a 3 colheres de chá (equivalente a 1-3g) das folhas por xícara, administradas de 3 a 4 vezes ao dia (2).

Outras Atividades Farmacológicas

A Lippia alba apresenta um espectro de ações farmacológicas que incluem:

  • Ação sedativa (1)
  • Antiespasmódica (1)
  • Analgésica (1)
  • Anti-inflamatória (1)
  • Anticonvulsivante
  • Protetora gástrica

Atividade Analgésica

Os óleos essenciais e o extrato hidroalcoólico das folhas de Lippia alba demonstraram eficácia em testes de analgesia (1). Acredita-se que o mirceno seja um dos componentes responsáveis por essa propriedade, com o efeito analgésico também sendo atribuído a monoterpenoides como a carvona e o limoneno (1).

Ação Anti-inflamatória

Ensaios indicaram que os óleos essenciais e o extrato hidroalcoólico das folhas da planta possuem ação anti-inflamatória (1). Esta propriedade é consistentemente relacionada aos monoterpenoides, em particular à carvona e ao limoneno (1).

Ação Anticonvulsivante

A ação anticonvulsivante da Lippia alba é supostamente mediada por receptores GABA. Em estudos com camundongos, os três tipos de óleos essenciais extraídos da planta demonstraram atividade anticonvulsivante.

Ação Protetora Gástrica

Embora o mecanismo exato ainda não esteja completamente elucidado, a infusão de Lippia alba tem mostrado proteção da mucosa gástrica em modelos animais (1). É importante notar que não foram observadas alterações significativas no pH gástrico, na produção de muco ou na interferência com a glutationa, um aminoácido essencial na proteção da mucosa (1).

Atividade Antiespasmódica

O chá de Lippia alba é tradicionalmente empregado como antiespasmódico, sendo eficaz no alívio de cólicas uterinas e intestinais, além de apresentar propriedades digestivas e calmantes (1).


Posologia e Contraindicações

Posologia Geral

As recomendações posológicas para a Lippia alba são:

  • Planta seca ou pó: 3-6g/dia (1)
  • Tintura (1:5, etanol 70%): 25-30 gotas após as refeições (1)
  • Infusão: 3-6g por xícara, 1-2 vezes ao dia (1)

Contraindicações

O uso da Lippia alba não é recomendado para indivíduos hipotensos e crianças menores de cinco anos de idade (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. A. de; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
  2. PANIZZA, S. T.; VEIGA, R. da S.; ALMEIDA, M. C. de. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. 1. ed. São Paulo: CONBRAFITO, 2012. 267 p.

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