Otimização Terapêutica com Mentha spicata e Mentha x piperita


Otimização Terapêutica com Mentha spicata e Mentha x piperita


Introdução

As espécies do gênero Mentha, como Mentha spicata (hortelã) e Mentha x piperita (hortelã-pimenta), são amplamente reconhecidas por suas propriedades terapêuticas, especialmente no manejo de distúrbios gastrointestinais. Este documento explora os compostos bioativos, as diversas atividades farmacológicas, as indicações clínicas e as recomendações posológicas dessas plantas, oferecendo um guia para profissionais de saúde.


Nomenclatura, Parte Utilizada e Compostos Bioativos

Nomenclatura e Parte Utilizada

Os nomes científicos comuns para as hortelãs incluem Mentha spicata L. e Mentha x piperita. O nome farmacêutico é Herba Menthae, e as partes aéreas da planta são as tradicionalmente utilizadas para fins medicinais.

Principais Compostos

As Mentha spp. são ricas em:

  • Óleo Essencial: Carvona, mentol, mentona, mentofurano, pulegona, limoneno, pineno, isovalerianato, piperitona (1).
  • Flavonoides: Apigenol, luteolina, isoroifolina, mentosídeo, rutina (1).
  • Triterpenoides.
  • Sesquiterpenoides.
  • Ácidos Fenólicos.
  • Princípios Amargos.
  • Vitaminas: C e D (1).

Atividades Farmacológicas

Atividade Anti-inflamatória

Estudos indicam que extratos polares (acetato de etila e aquoso) de M. spicata exibem efeitos anti-inflamatórios mais potentes do que as frações menos polares (1). Os flavonoides são sugeridos como os principais responsáveis por essa atividade (1).

Atividade Analgésica

A carvona, um componente do óleo essencial das mentas, demonstra atividade analgésica que pode ser atribuída à diminuição da excitabilidade neuronal (1).

Atividade Antiespasmódica e Miorrelaxante

Em experimentos com animais, o óleo essencial de Mentha x vilosa demonstrou atividade antiespasmódica e miorrelaxante (1).

Atividade Vasodilatadora e Hipotensora

O óleo essencial de Mentha x vilosa também apresentou efeitos vasodilatadores pela indução de óxido nítrico (1). Além disso, um estudo revelou seu efeito hipotensor com ações cardiodepressoras, possivelmente atribuídas ao aumento da produção de óxido nítrico (1).

Atividade Antiemética

O uso do óleo essencial de M. spicata e M. x piperita mostrou-se eficaz e seguro na redução de vômitos e náuseas em pacientes submetidos à quimioterapia (1).

Atividade Carminativa e Gastrointestinal

Estudos com M. piperita observaram um efeito carminativo decorrente da diminuição do tônus da musculatura lisa, facilitando a eliminação de gases, além de estimular a liberação de bile, que promove o metabolismo dos lipídios (1).

Para o tratamento da Síndrome do Intestino Irritável (SII), um estudo com cápsulas de liberação entérica de M. piperita (administradas 3 vezes ao dia por 4 semanas) demonstrou uma redução significativa (75%) dos sintomas, incluindo dor, inchaço, flatulência e diarreia (1). Outro estudo, com administração oral de 187 mg de óleo de M. piperita com revestimento entérico, 3 vezes ao dia durante duas semanas, foi capaz de reduzir os sintomas abdominais, incluindo a dor (1).

Uma preparação comercial, “Lomatol” (uma associação dos extratos de Carum carvi (fruto), Foeniculum vulgare (fruto), M. piperita (folha) e Artemisia absinthium (parte aérea)), foi comparada à metoclopramida no tratamento da dispepsia. O fitoterápico demonstrou resultados significativos e superiores no controle dos sintomas em relação à metoclopramida (1). Em resumo, as preparações com M. piperita são recomendadas para o tratamento de distúrbios do trato gastrointestinal (1).


Posologia e Contraindicações

Posologia

As recomendações posológicas para a Mentha spp. são:

  • Planta seca: 1-4g/dia (1).
  • Infusão: 1-2 colheres de sobremesa da folha rasurada (1-4g) por xícara, tomar após as refeições (2).
  • Extrato seco: 400-1200 mg/dia (1).
  • Tintura: 20%, 5-20mL/dia (1).
  • Óleo essencial – Uso interno: 6-12 gotas ao dia (1).
  • Óleo essencial – Uso inalatório: 3-4 gotas em água fervente (1).

Contraindicações e Precauções

O uso do óleo essencial é contraindicado em lactentes e durante a gravidez (1). Pode irritar a mucosa ocular e provocar insônia em pessoas sensíveis (1). A M. spicata apresentou atividade nefrotóxica em modelos experimentais quando administrada por via oral (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. A. de et al. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
  2. PANIZZA, S. T.; VEIGA, R. da S.; ALMEIDA, M. C. de. Uso tradicional de plantas medicinais e fitoterápicos. 1. ed. São Paulo: CONBRAFITO, 2012. 267 p.

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