Mentha x piperita L.: Evidências Terapêuticas e Implicações Clínicas


Mentha x piperita L.: Evidências Terapêuticas e Implicações Clínicas


Introdução

A Mentha x piperita L., popularmente conhecida como hortelã-pimenta, é uma planta aromática amplamente utilizada na medicina tradicional e em aplicações fitoterápicas. Suas propriedades terapêuticas são atribuídas aos seus diversos compostos bioativos, com destaque para o óleo essencial, e suas indicações clínicas abrangem desde o alívio de sintomas gastrointestinais até o manejo de condições alérgicas e dolorosas.


Aspectos Botânicos e Farmacognósticos

Nome Científico

Mentha x piperita L.

Nomes Populares

Hortelã, hortelã-pimenta, menta, menta-inglesa, hortelã-apimentada, hortelã-das-cinzinhas, sândalo.

Parte Utilizada

Folhas.

Compostos Bioativos

  • Óleo essencial: Constituído principalmente por mentol, mentona, isomentona e eucaliptol (1).
  • Flavonoides: Incluem eriocitrina, ácido rosmarínico, luteolina e hesperidina (1).

Posologia e Administração

Formas Farmacêuticas e Dosagens

  • Planta seca: 1-3 g, três vezes ao dia (1).
  • Chá (infusão): 1,5-3 g de folha seca para 150 mL de água (1).
  • Tintura (1:5, 45% etanol): 2-3 mL, três vezes ao dia (1).

Indicações Clínicas

Rinite Alérgica

A administração oral do extrato de M. piperita em modelos murinos demonstrou inibir sintomas nasais e reduzir a permeabilidade vascular nasal induzida por ação antigênica, sugerindo a eficácia desta planta no tratamento clínico da rinite alérgica (1).

Efeito Carminativo

Estudos clínicos observaram que a atividade carminativa da planta decorre da diminuição do tônus da musculatura lisa, o que facilita a eliminação de gases (1).

Distúrbios Biliares

Estudos clínicos com M. piperita demonstraram uma estimulação da liberação de bile, com atuação sobre o metabolismo dos lipídeos (1).

Síndrome do Intestino Irritável (SII)

O uso de cápsulas de M. piperita com liberação entérica tem sido avaliado em diversos estudos. Dois trabalhos investigaram a administração de 1 a 2 cápsulas, três vezes ao dia, por quatro semanas, e observaram uma redução significativa dos sintomas como dor, inchaço abdominal, flatulências e diarreias nos pacientes tratados (1).

Outro estudo, utilizando 1 a 2 cápsulas com revestimento entérico de 187 mg, três vezes ao dia por duas semanas, mostrou que 75% dos participantes obtiveram redução dos sintomas, incluindo a dor (1). Adicionalmente, uma pesquisa realizada em Taiwan demonstrou que a administração oral de óleo de M. piperita em revestimento entérico, 3-4 vezes ao dia por um mês, promoveu a redução da distensão abdominal, da frequência de evacuação e da flatulência em comparação ao grupo placebo (1). Dos oito estudos sobre M. piperita para SII, apenas dois não encontraram resultados significativos (1).

Dispepsia

Um estudo avaliou pacientes com dispepsia crônica, comparando metoclopramida com uma preparação comercial (“lomatol”). O fitoterápico foi utilizado por duas semanas, e os resultados foram estatisticamente significantes e superiores no controle dos sintomas, apresentando também menos reações adversas do que a metoclopramida (1). Além disso, observou-se que M. piperita é capaz de estimular a secreção de ácido clorídrico e a contratilidade intestinal (2).

Cefaleia

Um estudo demonstrou que a aplicação tópica de óleo essencial de M. piperita a 10% na testa foi eficaz na redução da cefaleia, apresentando potência comparável a 1 g de paracetamol administrado por via oral. Esse efeito foi associado ao mentol (1).

Estimulante de Apetite

A Mentha x piperita L. também é indicada como estimulante de apetite (2).


Contraindicações e Toxicidade

Hipersensibilidade ao Mentol

Indivíduos sensíveis ou alérgicos ao mentol podem desenvolver cefaleia, prurido, coriza, asma e arritmias (1).

Crianças

O uso do óleo essencial não é recomendado em crianças menores de 3 anos (1).

Doses Elevadas do Óleo Essencial

Doses de 1 g/kg de óleo essencial podem ser fatais (1). Altas doses do óleo essencial podem causar estimulação do Sistema Nervoso Central (SNC) (1).


Referências Bibliográficas

  1. SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.
  2. HIRSCHBRUCH, M. D. Nutrição Esportiva – Uma Visão Prática. 3. ed. Barueri – SP: Manole, 2014. 496 p.

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