Guaco (Mikania glomerata): Indicações e Considerações Clínicas
Introdução
O guaco, derivado das espécies Mikania glomerata, Cacalia trilobata e Mikania laevigata, é uma planta medicinal amplamente utilizada na prática clínica, principalmente por suas propriedades voltadas ao tratamento de afeções respiratórias e, de forma notável, como adjuvante em casos de picadas de cobra. Este documento detalha seus compostos bioativos, indicações, posologia e importantes contraindicações e precauções.
Nomenclatura, Parte Utilizada e Compostos Bioativos
Nomenclatura e Parte Utilizada
A Mikania glomerata é popularmente conhecida como guaco, e também por nomes como erva-de-cobra, erva-das-serpentes e cipó-catinga. As folhas são a parte da planta mais comumente utilizada para fins terapêuticos (1).
Principais Compostos Bioativos
As propriedades farmacológicas do guaco são atribuídas à sua rica composição de metabólitos secundários, que incluem:
- Cumarinas, como a 1,2-benzopirona (1).
- Taninos (1).
- Óleo essencial (1).
- Glicosídeos, como o guacosídeo (1).
- Friedelina (1).
- β-sitosterol (1).
- Estigmasterol (1).
Principais Indicações e Atividades Farmacológicas
Afeções Respiratórias
O guaco é tradicionalmente indicado para o alívio de sintomas de febres, gripes e resfriados. É particularmente eficaz no tratamento de tosses rebeldes, bronquite e asma, além de auxiliar em casos de rouquidão, laringite e faringite (1). Suas ações esperadas nesses contextos estão relacionadas às suas propriedades broncodilatadoras e expectorantes, auxiliando na fluidificação das secreções e facilitando a sua eliminação.
Picada de Cobra
Um uso notável do guaco é como coadjuvante no tratamento de picadas de serpentes. A infusão das folhas frescas ou secas demonstrou atividade anti-inflamatória e capacidade de neutralizar os efeitos tóxicos, farmacológicos e enzimáticos dos venenos de cobras do tipo Bothrops (como a jararaca) e Crotalus (como a cascavel) (1). Foi constatada uma redução do edema e da atividade hemorrágica induzidas por esses venenos (1). É importante ressaltar que o guaco não substitui o soro antiofídico, mas pode ser um complemento no manejo inicial.
Posologia
As recomendações posológicas para o uso do guaco são as seguintes (1):
- Planta seca: 1-4g/dia, preparada em infusão ou decocção.
- Chá: Utilizar 4-6 folhas por xícara, e consumir 1 xícara, 3 a 4 vezes ao dia.
- Tintura: 10-25mL/dia.
Contraindicações, Precauções e Toxicidade
Apesar de seus benefícios, o guaco apresenta importantes contraindicações e requer precauções (1):
- Gestantes: O uso é contraindicado (1).
- Hipertensos graves: Deve ser utilizado com cautela (1).
- Hepatopatias crônicas: Contraindicado (1).
- Interação com fármacos anticoagulantes: Devido à presença de cumarinas, que podem potencializar o efeito de anticoagulantes, aumentando o risco de hemorragias (1).
- Altas doses: Podem ocasionar vômitos e diarreias (1).
- Uso crônico: Pode causar um aumento do tempo de protrombina, indicando inibição da vitamina K (1).
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. A. de; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.