Narcolepsia: Fisiopatologia e Abordagens Terapêuticas


Narcolepsia: Fisiopatologia e Abordagens Terapêuticas


Introdução

A narcolepsia é um transtorno crônico do sono que afeta significativamente a qualidade de vida dos indivíduos. Caracterizada por sonolência diurna excessiva e, frequentemente, cataplexia, a condição exige uma abordagem farmacológica para seu manejo eficaz.


Diagnóstico

Para o diagnóstico da narcolepsia, a avaliação da deficiência de hipocretina-1 no líquor (líquido cerebrospinal) é um marcador importante. Os níveis de hipocretina-1 devem ser iguais ou inferiores a um terço dos valores encontrados em indivíduos saudáveis. (2)

A polissonografia noturna também é um exame essencial, demonstrando uma latência do sono REM inferior ou igual a 15 minutos. (2)


Fisiopatologia

A narcolepsia é um transtorno do sono raro e debilitante. (1) A principal característica clínica da narcolepsia é a sonolência diurna excessiva, manifestada por ataques diurnos de sono REM, nos quais a atividade neurofisiológica típica desse estágio do sono “invade” o estado de vigília. (2) Concomitantemente à dificuldade em manter o sono durante a noite (1).

Além da sonolência diurna, a narcolepsia frequentemente se apresenta com ataques de cataplexia. A cataplexia é uma crise breve, com duração de segundos a minutos, de perda bilateral do tônus muscular, mantendo-se a consciência. Esses episódios são comumente desencadeados por emoções fortes, como risos ou brincadeiras, resultando na queda súbita do indivíduo. Em crianças, a cataplexia pode manifestar-se de forma parcial, como hipotonia sem queda, abertura da mandíbula e protusão da língua. (1, 2)

Outras manifestações que podem ocorrer incluem alucinações hipnagógicas (ao adormecer) ou hipnopômpicas (ao despertar). (2)

Etiopatogenia:

A narcolepsia é atribuída à perda de aproximadamente 70 mil neurônios hipotalâmicos responsáveis pela produção de neuropeptídeos denominados hipocretinas, em particular a hipocretina-1. Acredita-se que essa perda neuronal esteja associada a um mecanismo autoimune, evidenciado pela identificação de alterações e marcadores genéticos e imunológicos específicos, como os subtipos HLA-DR2 e HLA-DQ602, em indivíduos com a condição. (2)


Conduta Clínica: Tratamento Farmacológico

O tratamento da narcolepsia visa controlar os sintomas de sonolência excessiva e cataplexia, quando presente.

Abordagens Farmacológicas

O tratamento geralmente é realizado com fluoxetina ou venlafaxina, que podem ser associadas ao oxibato de sódio em casos de cataplexia (1).

As anfetaminas também são úteis na prática clínica, mas não demonstram 100% de efetividade no controle dos sintomas (1). Alternativamente, a modafinila pode ser utilizada no tratamento da narcolepsia (1).


Referências Bibliográficas

  1. RITTER, J. M. et al. Rang & Dale Farmacologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. 789 p.
  2. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.