Princípios Fundamentais da Terapia Cognitiva: Pensamentos, Sentimentos e Intervenção
Introdução
A terapia cognitiva fundamenta-se na premissa de que a interpretação individual de um evento molda as respostas emocionais e comportamentais. Este modelo terapêutico distingue claramente entre pensamentos e sentimentos, focando na avaliação dos padrões cognitivos que dão origem às emoções.
Diferenciação entre Pensamentos e Sentimentos
Um pressuposto central da terapia cognitiva é que a interpretação que um indivíduo faz de um evento determina como ele se sente e se comporta (1).
É crucial ressaltar que:
- Pensamentos e sentimentos são fenômenos distintos (1).
- Pensamentos originam sentimentos (e comportamentos) (1).
- Pensamentos não são o mesmo que sentimentos, embora seja possível ter pensamentos sobre sentimentos. Sentimentos são experiências emocionais internas, como ansiedade, depressão, raiva, medo, desesperança, alegria, exultação, indiferença, curiosidade, impotência, arrependimento ou autocrítica (1).
Na terapia cognitiva, não se questionam os sentimentos, mas sim os pensamentos que os geram (1). Pensamentos podem ser confrontados com os fatos, enquanto afirmações sobre sentimentos são consideradas válidas (a menos que haja intenção de enganar) (1). Por exemplo, a afirmação “sinto-me sem esperança em relação ao futuro” não é contestada, mas a justificativa para tal pensamento pode ser examinada (1).
A relação entre pensamentos e sentimentos pode ser ilustrada da seguinte forma (1):
Pensamento: Penso que… | Sentimento: Portanto, sinto-me… |
Vou fracassar. | Ansioso, frustrado. |
Eu fracassei. | Triste. |
Ele acha que eu sou chata. | Ansiosa, triste. |
Ele está me insultando. | Zangada, ansiosa. |
Ferramentas Terapêuticas: Tarefas de Casa
Uma técnica comum utilizada na terapia cognitiva envolve pedir ao paciente para manter um registro de seus sentimentos e a relação com seus pensamentos (1). A estrutura do registro é apresentada da seguinte forma:
Pensamento: Penso que… | Sentimento: Portanto, sinto-me… |
Exemplos de sentimentos a serem registrados incluem: triste, ansioso, com medo, desesperançado, zangado, confuso, entre outros (1).
Desafios Comuns no Processo
Pacientes frequentemente confundem pensamentos com sentimentos (1). Um exemplo comum é a afirmação “sinto-me ansioso porque estou nervoso”, que na verdade descreve dois sentimentos (1). A intervenção do terapeuta visa esclarecer essa distinção.
Outras Técnicas Auxiliares
Além do registro de pensamentos e sentimentos, outras técnicas podem ser empregadas, como a “adivinhação do pensamento” ou técnicas de indução da imaginação (1).
Referências Bibliográficas
- LEAHY, R. L. Técnicas de terapia cognitiva – Manual do terapeuta. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.