Phyllanthus niruri: Potencial Terapêutico na Litíase Renal


Phyllanthus niruri: Potencial Terapêutico na Litíase Renal


Introdução

A Phyllanthus niruri, conhecida popularmente como quebra-pedra, é uma planta tradicionalmente utilizada na medicina popular por suas propriedades terapêuticas, especialmente no tratamento de cálculos renais. Estudos científicos têm investigado os mecanismos pelos quais essa planta pode auxiliar na prevenção e no manejo da litíase renal.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

Nomenclatura e Partes Utilizadas

O nome científico da planta é Phyllanthus niruri, embora outras espécies do gênero, como P. amarus, P. tenellus e P. corcovadensis, também sejam referidas como quebra-pedra. Todas as partes da planta são utilizadas para fins medicinais (4).

Compostos Bioativos

A Phyllanthus niruri possui uma rica composição de compostos bioativos, incluindo:

  • Lignanas: Filantina e hipofilantina (4).
  • Taninos: Corilagina e geranina (4).
  • Cumarinas (4).
  • Flavonoides: Rutina e quercitrina (4).
  • Terpenos (4).
  • Alcaloides: Securinina, norsecurinina, securinol A e B (4).

Ações Farmacológicas e Indicações Clínicas

Litíase Renal

A principal indicação terapêutica da quebra-pedra é para a litíase renal, ou seja, a formação de cálculos nos rins.

Um estudo em modelos animais com urolitíase demonstrou uma diferença significativa no tamanho dos cálculos renais entre os grupos tratados com quebra-pedra e os não tratados (1). Os animais tratados apresentaram cálculos substancialmente menores, o que facilitaria sua excreção pela urina (1). Concluiu-se que, quanto maior o tempo de uso, menor o peso dos cálculos, e o tratamento, nas doses adequadas, pode ser utilizado com segurança por até 60 dias (1).

Outro estudo, este em humanos, avaliou o uso de cápsulas contendo 225 mg de extrato seco das folhas de P. niruri, combinadas com 152 mg de estearato de magnésio e 2 mg de piridoxina. Administrada uma cápsula duas vezes ao dia por 90 dias, a pesquisa revelou que 25% dos pacientes ficaram completamente livres dos cálculos renais. Aqueles que não eliminaram os cálculos, no entanto, conseguiram uma redução expressiva no tamanho dos cálculos remanescentes (2).

O mecanismo de ação proposto para a quebra-pedra envolve a diminuição da excreção de glicosaminoglicanos na urina e a alta incorporação desses compostos nos cálculos, tornando-os mais frágeis. Os glicosaminoglicanos são inibidores da cristalização dos cálculos.


Posologia

As posologias recomendadas para Phyllanthus niruri são:

  • Infusão: 3g da planta em 150mL de água, administrada 2 a 3 vezes ao dia.
  • Tintura Vegetal: 75 gotas em 100mL de água, 2 a 3 vezes ao dia.
  • Tintura: 5-20 mL/dia (4).
  • Tintura mãe: 10-40 mL/dia (4).
  • : 500-2000 mg/dia (4).
  • O extrato seco também existe, mas é de difícil acesso comercial.

Segurança e Contraindicações

Um estudo que examinou a toxicidade do extrato etanólico de Phyllanthus niruri concluiu que sua administração subcrônica não apresenta toxicidade (3). Contudo, a quebra-pedra não é indicada para gestantes e lactantes (4).


Referências Bibliográficas

  1. BARROS, M. E. et al. Effect of extract of Phyllanthus niruri on crystal deposition in experimental urolithiasis. Urol Res, v. 34, n. 6, p. 351–357, 24 nov. 2006. Disponível em: http://link.springer.com/10.1007/s00240-006-0065-1.
  2. CEALAN, A. et al. Evaluation of the efficacy of Phyllanthus niruri standardized extract combined with magnesium and vitamin B6 for the treatment of patients with uncomplicated nephrolithiasis. Med Pharm Reports, 23 abr. 2019. Disponível em: https://medpharmareports.com/index.php/mpr/article/view/1246.
  3. ASARE, G. A. et al. Genotoxicity, cytotoxicity and toxicological evaluation of whole plant extracts of the medicinal plant Phyllanthus niruri (Phyllanthaceae). Genet Mol Res, v. 11, n. 1, p. 100–111, 2012. Disponível em: http://www.funpecrp.com.br/gmr/year2012/vol11-1/pdf/gmr1315.pdf.
  4. SAAD, G. de A. et al. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

Deixe um comentário0