Punica granatum: Implicações Terapêuticas na Resistência à Insulina e Distúrbios Intestinais


Punica granatum: Implicações Terapêuticas na Resistência à Insulina e Distúrbios Intestinais


Introdução

A Punica granatum, popularmente conhecida como romã, é uma fruta milenar valorizada por suas propriedades medicinais. Diversas partes da planta, como a casca do fruto, a casca da raiz e as flores, contêm uma rica variedade de compostos bioativos que conferem à romã um notável potencial terapêutico, especialmente no manejo da resistência à insulina e no tratamento de distúrbios gastrointestinais como diarreia e cólicas.


Aspectos Botânicos e Fitoquímicos

Nomenclatura e Partes Utilizadas

A romã é cientificamente denominada Punica granatum. As partes da planta utilizadas para fins terapêuticos incluem a casca do fruto, a casca da raiz e as flores (1, 2).

Compostos Bioativos

A composição fitoquímica da Punica granatum varia conforme a parte da planta:

Raiz

  • Taninos (2).
  • Alcaloides: Peletierina e isopeletierina (2).
  • Terpenoides (2).
  • Resinas (2).
  • Ácidos Orgânicos (2).
  • Flavonoides (2).
  • Amido (2).
  • Inulina (2).
  • Ácido málico (2).

Fruto

  • Ácidos Orgânicos: Ascórbico, gálico, elágico, cítrico, cafeico, catequínico, quínico e clorogênico (2).
  • Antocianinas: Delfinidina, cianidina e pelargonidina (2).
  • Flavonoides: Quercetina e rutina (2).

Pericarpo (Casca do Fruto)

  • Flavonoides (2).
  • Taninos: Principalmente a punicalagina (2).
  • Alcaloides (2).
  • Elagitanina (2).

Flor

  • Ácido gálico (2).
  • Ácido oleanólico (2).
  • Ácido elágico (2).
  • Ácido ursólico (2).
  • Polifenóis (2).

Ações Farmacológicas e Indicações Clínicas

As principais indicações para o uso da Punica granatum são:

  • Resistência à insulina (2).
  • Diarreia e cólica intestinal (2).

Resistência à Insulina

A romã é sugerida como um agente capaz de proteger e restaurar as células beta-pancreáticas, além de melhorar a resistência à insulina por meio de sua ação anti-inflamatória (2). Um estudo demonstrou que a suplementação com 500 mg do extrato do fruto da romã, duas vezes ao dia, resultou em uma redução significativa das concentrações séricas de marcadores de estresse oxidativo, inflamação sistêmica, insulina e HOMA-IR (homeostasis model assessment of insulin resistance) (1).

Outro estudo avaliou o extrato hidroalcoólico das folhas e das cascas dos frutos, revelando que ambos possuíam capacidade antidiabética, sendo o extrato das cascas mais eficaz. Nesse contexto, os alcaloides, flavonoides, saponinas e taninos são considerados os compostos responsáveis por essas ações (2). Adicionalmente, um trabalho indicou que a casca do fruto, seguida pelas flores e sementes, nesta ordem, apresenta um maior conteúdo antioxidante, o que explica a sua maior relevância no manejo do diabetes (2).

Efeito Antidiarreico

Os taninos presentes no córtex e na raiz da romã demonstraram atividade antidiarreica, atuando na inibição da peristalse e da secreção glandular nas criptas intestinais (2).


Posologia

As formas de uso e posologias recomendadas para Punica granatum incluem:

  • Decocção: 1 colher de sopa da casca do fruto para 250 mL de água, cozinhando por 5 minutos. Recomenda-se tomar 3 vezes ao dia para diarreia (2).
  • : 1200 a 2500 mg/dia (2).
  • Extrato seco (padronizado para 40% de ácido elágico): 200 a 450 mg/dia (2).

Toxicidade

É crucial estar ciente de que a dose tóxica da casca da raiz da romã é muito próxima à dosagem terapêutica (2). Em contraste, o suco da fruta não apresenta toxicidade (2). Portanto, a atenção à dosagem, especialmente ao utilizar a casca da raiz, é fundamental.


Referências Bibliográficas

  1. HOSSEINI, B. et al. Effects of pomegranate extract supplementation on inflammation in overweight and obese individuals: A randomized controlled clinical trial. Complement Ther Clin Pract, v. 22, p. 44–50, fev. 2016. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S174438811530027X.
  2. SAAD, G. de A. et al. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.

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