Teste Bender: Avaliação da Percepção Visomotora e Funções Cognitivas


Teste Bender: Avaliação da Percepção Visomotora e Funções Cognitivas


Introdução

O Teste de Bender é um instrumento de avaliação psicológica composto por nove cartões com figuras em preto sobre fundo branco, projetado para analisar o funcionamento visomotor e a percepção visual. As figuras, que incluem curvas, ângulos, linhas contínuas e pontos, devem ser copiadas pelo examinando em uma folha, utilizando um lápis preto. Este teste é uma ferramenta valiosa para avaliar a maturidade visual, integração visomotora, estilo de resposta, reação à frustração, capacidade de correção de erros, habilidades de planejamento e organização, e motivação em crianças, adolescentes e adultos.


Interpretação do Teste Bender

No Teste de Bender, a interpretação dos resultados não se baseia em um sistema de pontuação fixo, mas sim em diversos sistemas de pontuação que se pautam em dificuldades específicas apresentadas pelos pacientes ao executar a tarefa. Em geral, quanto maior a pontuação, pior o desempenho (1).

Os principais aspectos analisados na interpretação incluem:

Traçado das Linhas do Desenho

  • Apresentação das linhas: Observa-se se as linhas são suaves, repassadas, quebradas ou apagadas.
  • Pressão e constância no traçado: Avalia-se a regularidade da pressão exercida e a consistência do traçado.
  • Existência de dificuldade angular: Verifica-se se os ângulos das figuras são maiores, menores, distorcidos ou omitidos.
  • Ocorrência de rabiscos estranhos: Identifica-se a adição de componentes peculiares ao desenho que não têm relação com a figura original.
  • Ocorrência de dificuldade em fechar: Nota-se a presença de espaços abertos em uma figura ou desconexão entre suas partes.
  • Coesão: Analisa-se se uma parte da figura está desproporcionalmente maior ou menor que a mostrada na figura original.
  • Colisão: Observa-se se os desenhos estão sobrepostos, amontoados ou tocando parte de outro desenho.

Posição do Desenho na Folha

  • Distribuição das figuras na folha de execução: Avalia-se como o espaço da folha é utilizado.
  • Uso do espaço, localização da primeira figura e a distribuição/localização das figuras desenhadas: Observa-se a organização geral no espaço disponível.

Padrão de Organização e Tamanho

  • Espaço relativo e a previsão de espaço necessário: Analisa-se a capacidade de planejar a distribuição dos elementos.
  • Tamanho das figuras (macro ou micrografismos): Observa-se se os desenhos são excessivamente grandes ou pequenos.
  • Constância ou variabilidade no tamanho da figura: Avalia-se a proporção relativa das partes do desenho.
  • Ocorrência de unidade ou fragmentação dos modelos: Verifica-se se a figura é tratada como um todo ou como uma série de elementos independentes.

Omissão ou Substituição

  • Ocorrência de substituições: Linhas por pontos, pontos por outros elementos, ou pontos por círculos, entre outros.
  • Omissão de elementos: Falta de fileiras, partes de figuras.
  • Adição de elementos: Inclusão de pontos, ângulos, etc.

Recomendações de Uso

O Teste de Bender pode ser utilizado para:

  • Avaliar a maturidade visual, a integração visomotora e as reações às frustrações em crianças que estão entrando na fase da alfabetização e apresentando dificuldades de aprendizagem. Permite, assim, avaliar a capacidade de perceber e integrar estímulos externos, com o intuito de expressar uma ação motora.
  • Investigar a linguagem, os conceitos espaciais e temporais e a capacidade de organização em idosos, a fim de verificar alterações em atenção, memória e linguagem, naqueles que estejam apresentando alterações neurológicas ou psiquiátricas.

Em relação aos idosos, o Teste de Bender é frequentemente utilizado para investigar a deterioração neurológica. Se o resultado do teste for abaixo do esperado para a média, indica-se investigar mais detalhadamente outras habilidades, incluindo os aspectos emocionais. Nesse caso, é recomendável associar os resultados do Bender à Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e a uma bateria neuropsicológica breve, como o Neupsilin, cujo objetivo é descrever compreensivamente o desenvolvimento neuropsicológico. Busca-se, assim, descartar possíveis quadros neurológicos ou neuropsiquiátricos, por exemplo, o Comprometimento Cognitivo Leve (CCL).

Outra possibilidade é a inclusão das seguintes escalas ou testes complementares:

  • Fluência verbal semântica.
  • Fluência verbal fonêmica.
  • Dígitos, ordem direta e ordem inversa.
  • Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey.