Topiramato: Usos, Mecanismos e Considerações Clínicas
Introdução
O topiramato é um fármaco pertencente à classe dos antiepiléticos, amplamente utilizado no manejo da epilepsia e na profilaxia da enxaqueca. Sua complexa ação farmacológica, que envolve múltiplos canais iônicos e sistemas neurotransmissores, confere-lhe uma eficácia clínica notável, embora com importantes considerações quanto a seus efeitos adversos e uso durante a gravidez.
Mecanismo de Ação e Classificação
O topiramato é um fármaco antiepilético que exibe um mecanismo de ação multifacetado (1):
- Bloqueia canais de sódio e potássio.
- Potencializa a ação do neurotransmissor inibitório GABA (ácido gama-aminobutírico).
- Bloqueia receptores AMPA (ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropiônico).
- Inibe fracamente a anidrase carbônica.
Sua efetividade clínica assemelha-se à da fenitoína, mas com a vantagem de produzir menos efeitos adversos graves e ser desprovido das propriedades farmacocinéticas problemáticas da fenitoína (1).
Principais Indicações
Epilepsia
Atualmente, o topiramato é utilizado principalmente como terapia adjuvante em casos refratários de crises parciais e generalizadas (1).
Enxaqueca
É empregado na profilaxia da enxaqueca crônica, administrado por via oral (1). Seus efeitos colaterais incluem sedação, tontura, perda de peso, náuseas, parestesias e diarreia (1).
Obesidade
O topiramato foi aprovado nos EUA em 2012 para o tratamento da obesidade, apesar de algumas reservas acerca de efeitos adversos cardiovasculares e outros (1). O fármaco estimula a liberação sináptica de serotonina, bem como de norepinefrina e dopamina, além de aumentar a ação do GABA (1).
Topiramato e Gravidez
Existem implicações importantes para mulheres que utilizam fármacos antiepilépticos durante a gravidez (1). Alguns desses fármacos, por induzirem enzimas hepáticas CYP3A4, podem aumentar o metabolismo de contraceptivos orais, reduzindo, assim, sua eficácia (1).
Além disso, acredita-se que alguns fármacos, incluindo o topiramato, quando tomados durante a gravidez, apresentam algum risco de efeito teratogênico, embora a magnitude do risco pareça ser maior com o valproato (1).
Referências Bibliográficas
- Ritter JM, Flower R, Henderson G, Loke YK, MacEwan D, Rang HP. Rang & Dale Farmacologia. 9. ed. Guanabara Koogan; 2020. 789 p.