Propriedades Terapêuticas da Vernonia polyanthes
Introdução
A Vernonia polyanthes, popularmente conhecida como assa-peixe, é uma planta amplamente utilizada na medicina popular por suas diversas propriedades farmacológicas. Este documento técnico detalha as principais indicações terapêuticas e os compostos bioativos responsáveis por seus efeitos, com foco em suas ações anti-inflamatórias, diuréticas, hipotensoras, e seu potencial no tratamento de bronquite, estados gripais e proteção gastrointestinal.
Identificação e Composição Fitoquímica
A Vernonia polyanthes, também conhecida pelos nomes populares assa-peixe, estanca-sangue e cambaráçu, tem as folhas (brotos) como a parte utilizada para fins terapêuticos (1).
Seus compostos bioativos incluem (1):
- Terpenoides: α-humuleno, α-amirina, lupeol, carbenoxolona, ácido oleanólico e ácido ursólico.
- Fitoesteróis: estigmasterol.
- Lactonas Sesquiterpênicas: tridecapentaineno e germacreno D, entre outros.
- Cumarinas.
- Alcaloides.
- Flavonoides.
Principais Indicações Terapêuticas
A Vernonia polyanthes é indicada para diversas condições, incluindo suas propriedades anti-inflamatórias, diuréticas, hipotensoras, e no manejo da bronquite, estados gripais e para proteção gastrointestinal (1).
Proteção Gastrointestinal e Úlceras
Extratos metanólico e/ou clorofórmico de V. polyanthes demonstraram, em estudos com ratos, a capacidade de inibir significativamente os danos à mucosa gástrica induzidos por etanol absoluto (1). Um dos mecanismos propostos para este efeito é o aumento da liberação de muco, com o extrato clorofórmico gerando um aumento de 22,4% de muco no lúmen gástrico (1).
Sugere-se que o lupeol, um composto ativo encontrado no extrato de V. polyanthes, seja o principal responsável por este resultado (1). Além do aumento na produção de muco, evidenciam-se o aumento dos níveis de óxido nítrico (NO) e a redução da produção de prostaglandina E2 (PGE2), resultando em uma diminuição de neutrófilos na mucosa (1).
Ação Anti-inflamatória e Antinociceptiva
Um estudo avaliou doses de 100, 200 e 400 mg/kg do extrato etanólico para verificar seus efeitos anti-inflamatórios e antinociceptivos (1). Foram encontrados efeitos positivos com essas doses tanto no modelo de contorções abdominais quanto no de formalina. Adicionalmente, observou-se um aumento no tempo de reação na placa quente e uma redução do edema nas patas induzidos por carragenina (1).
Efeitos no Sistema Respiratório
Embora haja um amplo relato de uso da V. polyanthes em distúrbios do aparelho respiratório, a literatura carece de estudos farmacológicos aprofundados nessa área (1).
Posologia
A posologia da Vernonia polyanthes varia de acordo com a indicação (1):
- Diurético: Infusão preparada com 3 colheres de sopa de folhas frescas para 1 litro de água. Consumir ao longo do dia, limitando a ingestão até as 17h.
- Tosse: Infusão preparada com 1 colher de sopa da folha por xícara de chá. Consumir 3 vezes ao dia.
Toxicidade
Estudos in vitro indicaram toxicidade, no entanto, estudos in vivo não corroboraram esses achados (1). Dada essa divergência, são necessários mais estudos para determinar a segurança da Vernonia polyanthes (1).
Referências Bibliográficas
- SAAD, G. de A.; LÉDA, P. H. de O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea – Tradição e Ciência na prática Clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 441 p.